quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Oh, que campo grande"


Eu assisti o jornal RNTV ao meio dia onde passou o projeto minha cidade, e confesso que, assim como muitos, fiquei também um pouco surpreso e chateado com o conteúdo da reportagem. Afinal, quase tudo era mentira. A historinha sobre Campo Grande, onde diz que um português teria dito “oh, que campo grande”, é ridícula, patética e um tanto quanto sem fundamento. Pois, já li alguns livros sobre campo Grande e em nenhum deles me mostraram provas contundentes sobre esse acontecido. Na verdade, eu fiquei morto vergonha quando a repórter citou a bendita frase. É como se a história de nossa cidade se resumisse numa frase dita na linguagem teatral, “Oh, que campo grande”, e só. Ainda mais, mostraram uma réplica de uma pedra com riscos grotescos com as iniciais, “CG”. Portanto, a história contada sobre nossa cidade foi pobre, beirando a miséria.  Eu vi no bendito dia em que essa repórter estava gravando em nossa cidade, e o que me chamou mais atenção foi a falta de alguém da secretaria cultura orientando a reporte. Afinal, somos nós que conhecemos nossa cidade, sua história e sua cultura. No entanto, resumiram com mentiras. Um falou que a pesca era boa e outra que as pessoas eram acolhedoras, que gostavam de receber seus visitantes. Mentira, primeiro que as pessoas de nossa cidade não vivem da pesca. São poucos os pescadores, isso para não dizer que quase nenhum. Por outro lado, o que se vê são centenas de pessoas que recebem o seguro da pesca indevidamente, pois, a grande maioria nunca pescou pelo menos uma vez na vida.  E por último, uma senhora disse que as pessoas de nossa cidade gostam de receber bem os seus visitantes. Num gostam não. A primeira pergunta que um cidadão - nem todos, mas a maioria é assim – faz para um visitante é: - E aí, você volta quando? A segunda é; - E aí, troce o quê de lembrança pra mim? Mas, como eu disse nem todos, mas, a maioria é assim. Até as casas das pessoas mais abastadas de nossa cidade são feitas com apenas dois quartos, que é para não poder receber muitas visitas, com a velha desculpa:  “ - Rapaz, se minha casa não fosse tão apertada, eu chamaria você para dormi lá”. A verdade é essa, as pessoas da nossa cidade não gostam de receber visitas e o motivo é bem claro, aumenta os “gastos” da casa. As pessoas do sítio, porém, são mais receptivas. Não é a toa que muitos deles ficaram conhecidos com a famosa frase; “aquele fulano é barriga cheia”. Pois, quando as pessoas da cidade iam visitar alguém no sítio, tiravam a barriga da miséria com tanta fartura. Essa característica se devia ao fato de que o pessoal do sítio não queria que “o pessoal da rua” não saísse falando que eles eram miseráveis, assim como eles próprios.  Então meus amigos, a reportagem foi uma porcaria e o culpado é o pessoal da secretaria de cultura, se é que ela existe, que deixou de dar toda assistência com as informações devidas sobre nossa cidade. Temos sim uma história rica, no entanto, não credenciam as pessoas certas para estudar e divulgá-la.  

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