terça-feira, 23 de outubro de 2012

"Cedo Demais"


Legião Urbana

Love in the afternoon

É tão estranho

 Os bons morrem jovens

 Assim parece ser

 Quando me lembro de você

 Que acabou indo embora

 Cedo demais

 

Quando eu lhe dizia

 Me apaixono todo dia

 É sempre a pessoa errada

 Você sorriu e disse

 Eu gosto de você também

 Só que você foi embora...

 Cedo demais!

 

Eu continuo aqui

 Meu trabalho e meus amigos

 E me lembro de você

 Em dias assim

 Dia de chuva

 Dia de sol

 E o que sinto não sei dizer...

 

Vai com os anjos

 Vai em paz

 Era assim todo dia de tarde

 A descoberta da amizade

 Até a próxima vez...

 

É tão estranho

 Os bons morrem antes

 Me lembro de você

 E de tanta gente que se foi

 Cedo demais!

 E cedo demais...

 

Eu aprendi a ter

 Tudo o que sempre quis

 Só não aprendi a perder

 E eu que tive um começo feliz...

 Do resto não sei dizer

 

Lembro das tardes que passamos juntos

 Não é sempre mais eu sei

 Que você está bem agora

 Só que neste Ano

 O verão acabou.

 

Cedo demais!



Todos que conheceram Benedito Martins Véras filho, "Ditinho", amanheceram com uma sensação de que realmente era cedo demais. No sertão, o "quebrar da barra" chegou cinza, o galo do terreiro engasgou na hora de cantar de madrugada, os pássaros perderam a canção da alvorada, as vacas não mais mugiam a procura do bezerro e sim por ditinho, sinônimo de sertanejo, os vaqueiros, tiradores de leite e todos aqueles que vivem da terra amanheceram com a sensação de vazio, de que algo estava faltando, pois, ele era o elemento, a simbiose do sertão e em tudo que nele vive ou não, e para todos que o conheceram, sentia que era o sinônimo de luta pela sobrevivência nessa terra castigada pelo sol que, ao mesmo tempo cria e mata. Deixou-nos, porém, ficou o exemplo a ser seguido, nos deixou a lição de que o importante são as coisas simples que a vida nos oferece: o amanhecer, a terra, a água, a comida simples, a sombra, o sol, os animais, as plantas, a conversa, o riso, a paz, a saúde, a família, os amigos, enfim, nada mais o fazia a cabeça, por isso, a herança deixada por ele foi sua conduta: De simplicidade, honestidade, serenidade, espiritualidade, fidelidade à família e aos amigos, amor a terra e aos animais que nela vive e a todos que dela sobrevive. O sertão seco ainda encontra lágrimas para chorar sua grande perda, o jardineiro e o criador da caatinga campo-grandense. Minha dor será maior quando o inverno chegar e a chuva molhar a terra seca e exalar o cheiro de terra molhada, ao qual, você dizia que era o perfume mais cheiroso do mundo, até nisso você era simples. Entretanto, nada é simples, porque ser simples como você foi não é nada simples, como não é simples também aceitar a sua partida. Da forma mais simples possível, portanto, tentarei cuidar de tudo que você mais amava. Adeus, meu irmão.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"Águas de março, ou, águas de outubro"


Por algum tempo deixei de falar de política, ou, de políticos em nossa cidade, e o motivo era se não outro, o de não causar influência, mesmo de forma indireta, em alguns eleitores, e até mesmo, um certo ar de posicionamento, algo que não é da minha índole, pois, me concentro sempre em destacar os pontos positivos e negativos de cada político, apesar de que muitos tem mais pontos negativos, e para não causar desconforto aos eleitores apaixonados e cegos, resolvi me dar o direito de permanecer calado e opinar assim que as eleições se encerrassem, respeitando portanto, a decisão dos cidadãos. Mas, a grande questão é: Como alguém que sempre tem opinião formada sobre algo e que já se posicionou de outras vezes nas questões políticas, no entanto, agora fica tirando o corpo fora? Explico, em outras ocasiões tinha o fator família em primeiro lugar, depois, o fator ideológico, pouco, mas tinha. Nessa campanha política, entretanto, nada me convenceu, nem mesmo o fator família, muito menos o ideológico, algo que andou longe nessa campanha.

Ficar de fora de uma campanha eleitoral me fez enxergá-la de um ângulo diferente daquele que participa diretamente e intensamente e, se apaixona e fica cego por pura ilusão, sobretudo, por necessidade. Falar que político fulano iria ganhar por tantos votos de diferença, que isso, ou, aquilo, é fácil, principalmente quando se trata de eleitor necessitado e apaixonado. Não estou falando de diferença de votos de um para o outro, de quem tira tantos votos ou, não consegue comprar por falta de dinheiro. Há mais coisas entre o político e o eleitor  do que um cientista político possa explicar, mesmo assim, tentarei de forma grosseira explicar o que ocorreu nessa campanha eleitoral, afinal, todas elas têm uma história distinta, porém, de um cunho moral bem parecido.

Vejamos os fatos ou, as personagens e, por que não, as famílias. Na história recente da política campo-grandense, a família Melo e Pimenta se gladiavam pelo poder político de nossa cidade. Construíram castelos e torres de poder ao qual, muitos duvidavam que esses impérios um dia pudessem ruir. Entretanto, ruíram, e as histórias se encontram nos quesitos aos quais levou tal ruína: Soberba, vaidade e egoísmo. E quem lhes concedeu o poder e a ruína política? O povo. O poder emana do povo. Portanto, o povo dá, o povo tira.
 
Eis então que surge uma nova personagem na história política da nossa cidade, Antônio Véras. Com um discurso inovador, esperançoso e futurista, consegue romper as muralhas e as torres erguidas pelas famílias, Melo e Pimenta. Porém, caiu da mesma torre, erguida com o mesmo material: Soberba, vaidade e egoísmo. E quem lhes concedeu o poder e a ruína? O povo. O poder emana do povo. Mais uma vez o povo dá, o povo tira.
 
De repente, não mais que de repente, eis que surge uma nova figura no cenário político de Campo Grande: Bebeto, representando duas famílias, Almeida e Vieira. O financiamento familiar juntamente com a vontade popular em derrubar torres – sem analogias às torres gêmeas dos Estados Unidos, as quais foram derrubadas por integrantes da Al Qaeda no ano de 2001 – e elevar reis da política campo-grandense, fizeram de Bebeto o senhor detentor de pelo menos três vitórias esmagadoras a sua oposição, e se auto declarando dono do poder político de nossa cidade. Ledo engano, pois, nada supera a supremacia popular, ou seja, a vontade do povo. E mais uma vez, um político cai da mesma torre construída por ele mesmo, a torre da soberba, vaidade e do egoísmo. No entanto, com uma ressalva, ou, uma característica incomum, pois, sua queda e derrota política se deveu a pelo menos, dois fatores bem definidos: Em primeiro lugar, credencia-se a sua derrota aos seus, não antigos, mas recentes correligionários, que por sinal, os adoravam e aclamavam como um deus, não por menos, afinal, quando assumiu o poder, deu-lhes as mãos e retorno financeiro esperado que tantos, há tempos, não experimentavam. Mas, em troca, esses mesmos súditos que o chamavam de "menino de ouro" e lhes sopravam a sopa para que ele não se queimasse, deu-lhes com os pés, pois, o poder não estava mais em suas mãos, e isso é preponderante para quem quer permanecer adorado. O outro fator que alimentou a queda de Bebeto foi o sentimento de vingança, imposto acima de tudo, pelos correligionários da sobra de guerra política do ex-prefeito Antônio Véras, que durante o período de glória de Bebeto, foram excluídos das tetas fartas da Prefeitura Municipal. Assim, a imensa maioria da sobra de guerra do ex-prefeito Antônio Véras, pendeu para o lado de quem lhes poderia conceder esse alento, e comer um pouco do prato frio da vingança, pois, foi a cria política de Bebeto, Bibi de Nenca, quem lhes concedeu de forma contratual, esse instantâneo sabor. Portanto, não se atribui apenas ao fato de Bibi ter sido um bom administrator o resultado dessa esmagadora vitória - Tampouco o credencia a um dos grandes líderes de Campo Grande - a qual, erroneamente alguns pensam assim, mas foi a sua capacidade de compor palanque político que, muitos não tiveram, e assim, o levou a esse fenômeno. O que se espera dessa ironia é que, ele não suba nas torres - antes construídas pelos políticos antecessores - da soberba, da vaidade e do egoísmo, do mesmo modo, como os demais, despenque das alturas do poder transitório. Porque, como todos nós sabemos, o poder emana do povo, e como os demais, o povo dá, o povo tira. Acredito, entretanto, que o atual prefeito não bebe da mesma água dos demais, porém, é político e, em político não podemos confiar plenamente, e com seus seguidores do poder da antiga base de Bebeto então... Não dá mesmo para confiar, pois, são todos alienados e viciados em quem está no poder, e não em quem faz o melhor para todos. Por fim, espero que o nosso prefeito reflita bastante a quem ele deve servir: a todos, ou, a alguns. Pois, todos fazem parte daquilo ao qual um prefeito vai administrar, o dinheiro público, porque todos contribuíram e contribuem de forma igual através de impostos, e que devem ser convertidos em nosso benefício, ou seja, para o bem comum. Então, eu lhes pergunto, amigos: Será o fim de uma era política, o começo de outra, ou a continuação dos manjados conceitos políticos, aos quais, só mudam as personagens?  Eu acredito sempre na renovação da barata, pois ela é a última que morre.  

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

“Ela disse o que eu queria dizer”



 

“A mediocridade reina, assustadora, implacável e persistente. Autoridades desinformadas, alunos que saem do ensino médio semianalfabetos e assim entram nas universidades, que aos poucos vão se tornando reduto de pobreza intelectual”.

                                                                                  LyaLuft

 

“Alunos que não conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, numa educação de brincadeirinha”

                                                                                  Lya Luft

 

“Professores que, mal pagos, mal estimulados, são mal preparados, desanimados e exaustos ou desinteressados. Há para tudo isso grandes exceções. O quadro geral é entristecedor”

                                                                                  Lya Luft

 

“E as cotas roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino superior por mérito, porque o governo lhes tivesse dado uma ótima escola pública e bolsas excelentes: não porque, sendo incapazes e despreparados, precisassem desse empurrão. Não é pela raça ou pela cor, sobretudo autodeclarada, que um jovem deve conseguir um diploma superior”

                                                                                  Lya Luft

 

“Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens, em lugar de educá-los para o trabalho e a busca de mérito, uso de sua própria capacidade e talento”

                                                                                  Lya Luft

 

“Não escrevo para ser agradável, mas para partilhar com meus leitores preocupações sobre este país com suas maravilhas e suas mazelas num momento fundamental em que, em meio a greves, se delineia com grande inteligência e precisão a possibilidade de serem punidos aqueles que não apenas prejudicaram monetariamente o país, mas corroeram sua moral, e a dignidade de milhões de brasileiros”

                                                                                  Lya Luft

 Lya Luft é escritora e escreve para a resvista veja. Esses fragmentos de texto foram tirados do seu artigo publicado na edição 2288 da então revista, no dia 26 de setembro de 2012.

Lamentavelmente essa realidade se encaixa muito bem ao nosso município, sobretudo quando ouvimos candidatos a vereadores dizendo em discurso de palanque que, o salário dos professores não foram reduzidos, e sim, as suas horas de trabalho. É muita desfaçatez e descompromisso com a educação do então candidato quando afirma tal declaração. Vejam por exemplo, se cortássemos as horas de trabalho dos vereadores para, assim, reduzir seu salário, teríamos em primeiro lugar, vereadores sem ao menos uma hora de trabalho e ainda ganhando mais que um professor trabalhando trinta horas semanais. Mas, na verdade as horas de trabalho do professor foram sim reduzidas, mas não tanto quanto foi reduzido o seu salário, com a clara intensão de preencher essas horas restantes com contratados ao qual muitos deles recém saídos do ensino médio, para serem pagos com a sobra salarial dos professores efetivos, que com razão não estão satisfeitos com a atual gestão que, sequer fala nos seus discursos de palanque em concurso público e muito menos em resolver esse lamentável e injusto projeto que mina a educação do nosso município e desqualifica toda uma classe, e que se sente desestimulada e não encontra apoio até mesmo na sua própria classe para melhorá-la. Realmente a educação não é essencial para a maioria dos nossos governantes e muito menos para a maioria da população da nossa cidade.  

 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

“Alguns adeuses e nenhuma explicação”


Às vezes nos deparamos com notícias, ou, acontecimentos que nos causa assombro e até mesmo indignação por se tratar de uma injustiça, pelo menos é o que supomos, e nos justificamos com o velhão jargão, “foi Deus quem quis”, e fingimos que aceitamos para não desagradar o todo poderoso. Ao contrário, ele se voltará contra aquele que discordar da sua decisão. Entretanto, eu discordo de Deus. Discordo dele quando resolve sem explicação, levar de maneira trágica Zilda Arns, Cigana, Padre Pedro, Hebe Camargo e tantos outros que nos faz o bem. Tenho a clara impressão de que a balança entre o bem e o mal fica cada vez mais inclinada para o lado do mal, pois, as perdas são mais acentuadas do lado do bem. Com toda essas baixas de pessoas do bem, não me resta outra pergunta que não me sai da cabeça, qual o verdadeiro sentido da vida? Mesmo sem respostas, prefiro proferir e praticar o bem e arriscar minha sorte diante de tanta fúria divina. Acredito que a vida é um breve sopro, e com tal certeza, insisto em aproveitar o efêmero instante nesse mundo para degustar o máximo que puder do que ele pode nos oferecer: Um filho, ou filha, esposa, amigos e até mesmo os inimigos, as comidas, as bebidas, os cheiros, os toques e por que não, os sonhos e a beleza de enxergar o feio e o bonito e ter pernas para aguentar todo peso do mundo em nossas costas. Mas, sempre respeitando as regras sociais que nós humanos criamos e acima de tudo, respeitando o ser humano em toda a sua essência. Confesso que fica cada vez mais difícil enfrentar as adversidades do nosso mundo social com tantos do mal ao nosso redor e tão poucos do bem cada vez mais longe da gente. Enfim, que seja feita a vontade de Deus. E nos livrai do livre arbítrio humano.