quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"Águas de março, ou, águas de outubro"


Por algum tempo deixei de falar de política, ou, de políticos em nossa cidade, e o motivo era se não outro, o de não causar influência, mesmo de forma indireta, em alguns eleitores, e até mesmo, um certo ar de posicionamento, algo que não é da minha índole, pois, me concentro sempre em destacar os pontos positivos e negativos de cada político, apesar de que muitos tem mais pontos negativos, e para não causar desconforto aos eleitores apaixonados e cegos, resolvi me dar o direito de permanecer calado e opinar assim que as eleições se encerrassem, respeitando portanto, a decisão dos cidadãos. Mas, a grande questão é: Como alguém que sempre tem opinião formada sobre algo e que já se posicionou de outras vezes nas questões políticas, no entanto, agora fica tirando o corpo fora? Explico, em outras ocasiões tinha o fator família em primeiro lugar, depois, o fator ideológico, pouco, mas tinha. Nessa campanha política, entretanto, nada me convenceu, nem mesmo o fator família, muito menos o ideológico, algo que andou longe nessa campanha.

Ficar de fora de uma campanha eleitoral me fez enxergá-la de um ângulo diferente daquele que participa diretamente e intensamente e, se apaixona e fica cego por pura ilusão, sobretudo, por necessidade. Falar que político fulano iria ganhar por tantos votos de diferença, que isso, ou, aquilo, é fácil, principalmente quando se trata de eleitor necessitado e apaixonado. Não estou falando de diferença de votos de um para o outro, de quem tira tantos votos ou, não consegue comprar por falta de dinheiro. Há mais coisas entre o político e o eleitor  do que um cientista político possa explicar, mesmo assim, tentarei de forma grosseira explicar o que ocorreu nessa campanha eleitoral, afinal, todas elas têm uma história distinta, porém, de um cunho moral bem parecido.

Vejamos os fatos ou, as personagens e, por que não, as famílias. Na história recente da política campo-grandense, a família Melo e Pimenta se gladiavam pelo poder político de nossa cidade. Construíram castelos e torres de poder ao qual, muitos duvidavam que esses impérios um dia pudessem ruir. Entretanto, ruíram, e as histórias se encontram nos quesitos aos quais levou tal ruína: Soberba, vaidade e egoísmo. E quem lhes concedeu o poder e a ruína política? O povo. O poder emana do povo. Portanto, o povo dá, o povo tira.
 
Eis então que surge uma nova personagem na história política da nossa cidade, Antônio Véras. Com um discurso inovador, esperançoso e futurista, consegue romper as muralhas e as torres erguidas pelas famílias, Melo e Pimenta. Porém, caiu da mesma torre, erguida com o mesmo material: Soberba, vaidade e egoísmo. E quem lhes concedeu o poder e a ruína? O povo. O poder emana do povo. Mais uma vez o povo dá, o povo tira.
 
De repente, não mais que de repente, eis que surge uma nova figura no cenário político de Campo Grande: Bebeto, representando duas famílias, Almeida e Vieira. O financiamento familiar juntamente com a vontade popular em derrubar torres – sem analogias às torres gêmeas dos Estados Unidos, as quais foram derrubadas por integrantes da Al Qaeda no ano de 2001 – e elevar reis da política campo-grandense, fizeram de Bebeto o senhor detentor de pelo menos três vitórias esmagadoras a sua oposição, e se auto declarando dono do poder político de nossa cidade. Ledo engano, pois, nada supera a supremacia popular, ou seja, a vontade do povo. E mais uma vez, um político cai da mesma torre construída por ele mesmo, a torre da soberba, vaidade e do egoísmo. No entanto, com uma ressalva, ou, uma característica incomum, pois, sua queda e derrota política se deveu a pelo menos, dois fatores bem definidos: Em primeiro lugar, credencia-se a sua derrota aos seus, não antigos, mas recentes correligionários, que por sinal, os adoravam e aclamavam como um deus, não por menos, afinal, quando assumiu o poder, deu-lhes as mãos e retorno financeiro esperado que tantos, há tempos, não experimentavam. Mas, em troca, esses mesmos súditos que o chamavam de "menino de ouro" e lhes sopravam a sopa para que ele não se queimasse, deu-lhes com os pés, pois, o poder não estava mais em suas mãos, e isso é preponderante para quem quer permanecer adorado. O outro fator que alimentou a queda de Bebeto foi o sentimento de vingança, imposto acima de tudo, pelos correligionários da sobra de guerra política do ex-prefeito Antônio Véras, que durante o período de glória de Bebeto, foram excluídos das tetas fartas da Prefeitura Municipal. Assim, a imensa maioria da sobra de guerra do ex-prefeito Antônio Véras, pendeu para o lado de quem lhes poderia conceder esse alento, e comer um pouco do prato frio da vingança, pois, foi a cria política de Bebeto, Bibi de Nenca, quem lhes concedeu de forma contratual, esse instantâneo sabor. Portanto, não se atribui apenas ao fato de Bibi ter sido um bom administrator o resultado dessa esmagadora vitória - Tampouco o credencia a um dos grandes líderes de Campo Grande - a qual, erroneamente alguns pensam assim, mas foi a sua capacidade de compor palanque político que, muitos não tiveram, e assim, o levou a esse fenômeno. O que se espera dessa ironia é que, ele não suba nas torres - antes construídas pelos políticos antecessores - da soberba, da vaidade e do egoísmo, do mesmo modo, como os demais, despenque das alturas do poder transitório. Porque, como todos nós sabemos, o poder emana do povo, e como os demais, o povo dá, o povo tira. Acredito, entretanto, que o atual prefeito não bebe da mesma água dos demais, porém, é político e, em político não podemos confiar plenamente, e com seus seguidores do poder da antiga base de Bebeto então... Não dá mesmo para confiar, pois, são todos alienados e viciados em quem está no poder, e não em quem faz o melhor para todos. Por fim, espero que o nosso prefeito reflita bastante a quem ele deve servir: a todos, ou, a alguns. Pois, todos fazem parte daquilo ao qual um prefeito vai administrar, o dinheiro público, porque todos contribuíram e contribuem de forma igual através de impostos, e que devem ser convertidos em nosso benefício, ou seja, para o bem comum. Então, eu lhes pergunto, amigos: Será o fim de uma era política, o começo de outra, ou a continuação dos manjados conceitos políticos, aos quais, só mudam as personagens?  Eu acredito sempre na renovação da barata, pois ela é a última que morre.  

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